Uma fantasia para adultos
Por: Edilton Nunes
Frases do tipo: "é a mais importante obra de fantasia desde que Bilbo encontrou o anel" (SF Rewviews) ou "De um dos maiores mestres da fantasia surgem um épico magistral, poderoso como você jamais viu..." enfeitam a contra-capa de "A Guerra dos tronos", o primeiro dos três volumes já publicados no Brasil de "As crônicas de Gelo e Fogo", premiada série de livros do autor norte-americano George R. R. Martin. Exageros a parte (ou não) a verdade é que "Guerra dos tronos" é uma obra grandiosa a seu modo, e que carrega em si uma grande parcela de fantasia, mesclada à verossimilhança da visão que temos da idade média, com seus cavaleiros de armaduras esplendorosas, cortesãs de vestidos longos e decotes curtos, reis bondosos (e aqui também se incluem os malvados, ingênuos, loucos, inescrupulosos...), príncipes, princesas, bastardos, nobres e plebeus. Martin criou uma atmosfera que, apesar de possuir sua parcela de misticismo, mantém boa parte dos seus alicerces concretados a um mundo bem mais "realista", e só isso já o difere e muito da obra de Tolkien (o que, é claro, não significa necessariamente que seja melhor ou pior). Em "A guerra dos tronos" você não irá se deparar com elfos, trolls, magos ou hobitts passeando por ai em um universo fictício, enquanto o senhor dos anéis reúne seu exercito das sombras e marcha para a dominação da Terra-Média. Ao invés disso, você irá se familiarizar com um rei louco que ordenou que ateassem fogo a própria cidade, ao se ver diante da derrota iminente, ou com o filho bastardo de um rei, que tem de enfrentar as diferenças sociais impostas pelo fato de não ser filho legitimo, mesmo se portando e tendo o coração nato de um. Traição, pilhagens, batalhas sangrentas, sexo, incesto e uma boa dose de morte são ingredientes quase que obrigatórios nas páginas do romance de Martin.